QUAL O PAPEL DA DTM DENTRO DA ODONTOLOGIA?

Confira, a seguir, uma entrevista que realizamos com o Prof. Dr. Rodrigo Wendel, especialista e mestre em DTM e DOF.​​​

Qual o papel da DTM dentro da odontologia?

O papel da DTM e dor orofacial na odontologia é fundamental, e ela é uma especialidade relativamente nova que vem crescendo demais, sendo talvez a que mais cresceu nos últimos tempos. ​

É essencial entender que os pacientes, além de problemas estéticos, sofrem com dores, com limitação de abertura, com dificuldade em mastigar, falar e realizar os seus movimentos bucais. A disfunção temporomandibular atrapalha muito a qualidade de vida deles e o papel dessa especialidade é trazer de volta esse bem-estar aos pacientes, essa melhora da realização das suas atividades normais com mais prazer e saúde.​

O que é necessário para se tornar um especialista em DTM?

A especialidade de DTM e dor orofacial requer características muito importantes do profissional. ​

Uma coisa que eu falo bastante nos nossos cursos é que precisa ter muito acolhimento, pois o paciente sofre estando com dor e com dificuldade de realizar suas atividades normais. Além disso, uma região do cérebro fica afetada com essa dor, geralmente crônica, então ele tem alterações no cognitivo e no entendimento das orientações.​

A especialidade ainda é muito recente, os pacientes ainda não conhecem e não entendem ainda muito claramente a abordagem que é realizada, então é preciso paciência, calma e acolhimento para conseguir que eles entendam as orientações, transmitir o conhecimento da melhor forma e fazer com que eles realizem o tratamento. ​

Obviamente, além dessa parte pessoal de cada profissional, é necessário muito estudo e muita compreensão de processos de dor, ciência, evidência científica e muita prática clínica, pois estes são requisitos básicos para se formar como especialista em disfunção temporomandibular.​

Por que escolheu a DTM como área de atuação?

Quando iniciei a minha carreira eu sempre soube que a minha área de atuação não seria meramente estética, não querendo desmerecer esse ramo e nem a parte cosmética da odontologia, que eu acho muito importante por trazer qualidade de vida e melhorar a autoestima dos pacientes.​
Porém, eu sabia que a minha busca seria muito mais em fundamentos mais básicos do ser humano e por isso eu busquei o controle da dor, do bem-estar, e a melhoria da vida desse paciente nos seus sentidos mais vitais. Devido a isso, escolhi a disfunção temporomandibular, porque percebi que nela eu conseguiria atingir esse objetivo e trazer qualidade de vida para os pacientes melhorando a dor que muitas vezes é insuportável.​

Qual a importância dessa especialidade na vida dos pacientes?

Os pacientes que recebem orientações claras para o seu problema, que as entendem, que as realizam e modificam comportamentos deletérios para eles, melhoram muito a saúde e têm uma experiência muito positiva com relação ao tratamento de DTM. Eles começam a ver tudo colorido novamente, restabelecem suas vidas, seu convívio social e profissional, e têm uma melhora da qualidade de vida impressionante.​

Como reconhecer um bom profissional em DTM?

Além de embasamento científico e de oferecer um tratamento de excelência, ele precisa ter acolhimento, paciência, calma na hora ​
de transmitir todas as informações, pois é preciso motivar os pacientes e promover o entendimento das nossas orientações, porque sem isso nosso tratamento vai ficar limitado.​

Hoje, olhando para trás, acha que valeu a pena ter escolhido a área de DTM?

Com certeza valeu a pena, sou muito feliz com a área que eu escolhi e muito feliz de conseguir transmitir meu conhecimento nesses quase 25 anos de experiência na especialidade de DTM. Sou muito grato a especialidade e a minha formação, e tenho muita alegria em transmitir essa experiência em trazer qualidade de vida para os pacientes.​

Quais são as dificuldades no meio do caminho?

Acho que a principal dificuldade na DTM e dor orofacial é que ainda há falta de conhecimento com relação a especialidade, como profissionais de todas as áreas da saúde que ainda não sabem que ela existe (médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos), sendo ela pouco conhecida mesmo dentro da odontologia. Por parte da população, o desconhecimento é ainda maior.​

Apesar disso, esse cenário vem melhorando, principalmente com os avanços da Sociedade Brasileira de DTM, que se empenha fortemente na divulgação da especialidade, que hoje já é bem mais conhecida do que era anos atrás. Vejo esse ramo em crescimento e tenho certeza de que vai aumentar muito ainda, tendo cada vez ter mais mercado. Como costumo dizer: quem chega antes bebe de água limpa. ​

É uma área onde existem muitas oportunidades de trabalho?

A área de DTM e dor orofacial é muito ampla, pois muitos pacientes apresentam sinais sintomas de DTM. Algumas pesquisas mostram que de 13 a 15% da população tem algum sinal e sintoma que vai levá-lo à procura de tratamento e alguns outros, na literatura mundial, mostram que até 70, 75% da população apresenta algum sinal ou sintoma de DTM e que isso pode levá-lo a algum profissional de saúde, então se você pensa em se especializar no ramo, não perca tempo, pois é uma área ainda em formação e crescimento, então quem se adiantar nesse processo vai colher frutos em breve.​

O que você tem a dizer para um profissional em formação sobre essa área de atuação?

A DTM e dor orofacial é uma área muito linda. Sou suspeito para falar porque estou envolvido com ela desde 1996, ano em que fiz o meu primeiro curso, e desde a graduação sou apaixonado por ela, de modo que terminei a faculdade e logo busquei a especialização e o mestrado, já iniciando minha docência por volta de 2004.​
O que eu falo para quem está querendo iniciar e para quem está se empenhando para isso é que a DTM e dor orofacial é uma área fantástica que cresce muito, que está em evolução, e não está estagnada dentro do seu conhecimento adquirido durante os anos​

É possível ir percebendo demais as comorbidades com relação à ansiedade, depressão, stress, alterações e distúrbios do sono, assim como cefaleias primárias, cefaleias secundárias e diversas outras comorbidades que os pacientes podem ser acometidos junto com DTM, por isso é uma área onde a gente precisa entender de doenças reumáticas, entender sobre cefaleias, dores de cabeça, entre outros. Esse ramo aumenta muito o nosso conhecimento e expande demais a nossa forma de atuação. Então vem com a gente, venha aprender DTM, tenho certeza de que vocês vão gostar!​

Essa foi uma entrevista realizada com o professor Rodrigo Wendel – CRO DF 5.634​​

  • Especialista e mestre em DTM e DOF​